Na natureza existem umas séries de matérias primas que por suas características tem sido usada desde tempos remotos pelo homem e a construção de suas habitações: barro, madeira, palha, fibras vegetais, pedra, cal e muitos outros produtos, etc.
Durante o processo de adaptação às condições climáticas de cada lugar se tem observado selecionando alguns materiais e umas tipologias construtivas que otimizem o conforto com um gasto mínimo de recursos, e em um afám de melhorar as características técnicas e construtivas destes materiais tem sido submetido em maior ou menor grau a transformação, que haviam sido proporcionais ao desenvolvimento tecnológico da civilização: iniciou-se cortando a madeira, trançando as fibras vegetais, cozinhando o barro e enquadrando a pedra… até que com a chegada da era industrial e dos meios técnicos que se tornaram disponíveis, estas transformações se tornassem mais radicais, chegando, porém ao extremo de trocar as características físico-químicas da ordenação molecular dos materiais. Por outro lado, com o desenvolvimento da química de composição se produziram infinidades de substâncias novas, que não existem na natureza, muitas das quais são resultados de ser altamente problemática para nossa saúde e o meio ambiente.
Atualmente se tem conseguido com o crescimento do objetivo de melhorar as características técnicas dos materiais de construção, porém o preço tem sido muito alto, pois tem sido à custa de suas qualidades biológicas e de sua inocuidade ao meio ambiental.
Os fatos demonstram que uma grande parte destes novos materiais apresenta muitos problemas: altos custos ao meio ambiente durante o ciclo de produção, uso e resíduo, radioatividade elevada, toxidade, eletricidade estática, falta de transpiração, interferem nos campos magnéticos e elétricos naturais e propiciam um tipo de construção antiecológica, inconfortável, insanas e esteticamente desagradáveis.
A construção moderna vem abandonando muita dos valiosíssimos materiais e técnicas construtivas tradicionais para substituí-los por outros novos materiais: cimento, ferro, alumínio, subprodutos de processos industriais e materiais sintéticos são os mais importantes.
A erupção da indústria química na construção tem sido brutal: aproximadamente umas 50.000 substâncias químicas, muitas delas muito tóxicas, encontram aplicações em nossos meios.
Há problemas sérios de saúde provocada em grande medida por uns materiais e uma maneira de se construir inadequados para as pessoas.
Atualmente a construção está nas mãos de técnicos e pessoas ávidas de benefícios rápidos que aplicam em seu diário que tem de haver exclusivamente critérios técnicos e econômicos, relegando às de saúde e ecologia.
A Bioconstrução e construção ecológica têm conhecimento destes problemas e trata de dar-lhes resposta adequada: construir sem criar problemas à saúde das pessoas nem ao meio ambiente.
Para conseguir algo tão simples em um mundo tão desnaturalizado como o nosso, às vezes temos que navegar contra correntes e voltar a vista ao passado, observando como construíam nossos ancestrais, tanto nos materiais que usavam como suas técnicas construtivas eram perfeitamente saudáveis e ecológicos. Deveríamos aprender com eles, e uma vez que tenhamos compreendido, melhorar seus sistemas e adaptá-los às necessidades da vida atual.
Vamos então definir os critérios mais importantes que se deveriam seguir para conseguir construções harmoniosas em torno das pessoas.
1) O LUGAR
As construções devem ter em conta a energia do lugar, a Geobiologia e o Feng Shui estudam estes fenômenos, e consideram-se também importantes os fatores sociais.
Além do que devem adaptar-se ao clima de uma maneira coerente e harmônica como se deve ser a construção tradicional autóctona, cujos detalhes técnicos encontramos na arquitetura bioclimática. Dentro dos parâmetros de adaptação o clima é determinante para nossas latitudes e uma boa exposição solar com um aproveitamento positivo de sua energia calorífica. Isto é um fator de economia, mas também um fator de saúde, como bem nos disse a sabedoria popular: “onde entra o sol não entra o médico”.
2) OS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Devem ser naturais e não distorcidos por processos industriais violentos que comprometem suas qualidades vitais e biológicas. Nos materiais cerâmicos convém prestar atenção à procedência das matérias primas, (evitar resíduos e subprodutos de processos industriais), e a temperatura de cocção, (evitar as temperaturas de mais de 950ºC). Na madeira é importante que não tenha sido tratada com tintas e produtos altamente tóxicos: lindano, pentaclorofenol, arseniatos, formaldehido, etc., pois representam um risco para a saúde, sobretudo dentro dos ambientes interiores.
É preferível o uso de concreto de cal, de gesso (em interiores), os não convencionais (cal, cimento e areia) que os de cimento.
O cimento, como material desnaturalizado que é, deveria ser utilizado em quantidades mínimas, o mesmo se aplica à tinta ou um aditivo, sendo preferível o branco ao cinza.
Na confecção de concretos e no caso de poder escolher o tipo de areia grossa, se usariam com predileção às do tipo calcáreo sobre as silícicas, por sua menor emissão radioativa. O mesmo vale para as pedras, sendo as mais adequadas (areniscas e calcáreas) que são as que menos emitem radioatividade.
Enquanto os materiais plásticos deveriam ser descartados praticamente em sua totalidade – ainda que haja alguns piores que outros – são muitíssimos maiores os problemas que criam, tanto à saúde das pessoas como ao meio ambiente, do que vantagens em seu uso.
3) O AR E A ÁGUA
A casa deve transpirar, o mesmo que a nossa pele transpira e transpiramos. Não podemos viver dentro de uma bolsa de plástico.
Portanto, os materiais com que construímos nossas moradias devem ter uma boa capacidade de difusão (permeabilidade ao vapor, capacidade de transpiração).
A renovação do ar nas moradias é muito importante, seria desejável que o ar se renovasse completamente uma a duas vezes a cada hora. Nas construções modernas, são feitas com materiais sem capacidade de difusão, com barreiras ao vapor e portas e janelas que se ajustam hermeticamente, às vezes em uma hora não se renovam nem a décima parte do volume total de ar, o qual trás consigo altas concentrações de gás radônio e outros gases tóxicos, a partir da escassez de oxigênio e íons negativos.
O grau de umidade dos ambientes é também muito importante tanto para a saúde como para o conforto de seus ocupantes, são igualmente desagradáveis e insalubres os ambientes muito úmidos assim como os muito secos. O ideal é um grau de umidade relativa de aproximadamente 50%. Isto se consegue, através de um sistema de calefação adequado, usando na construção materiais que sejam higroscópicos (capazes de absorver e reter a água e a umidade), pois desta maneira regulam a umidade ambiental e se evita com isso condensações e outros problemas.
4) A RADIOATIVIDADE
Nossos sentidos não têm a capacidade para detectar este tipo de radiação e sem poder sentir nos prejudicam a partir de doses muitas pequenas. Vivemos submetidos a um excesso de emissões durante nossas atividades cotidianas, deveríamos por isso tratar de evitá-las ao menos em nossos lugares. Há duas formas em que a radioatividade chega a nossas casas, como gás radônio e como emissão de partículas.
O gás radônio é um gás sem cor nem cheiro, é mais pesado que o ar que emana do terreno, dos materiais de construção e da água quando sai das torneiras. Acumula-se sobre todos os locais fechados e também em locais pouco ventilados. Pode provocar o câncer de pulmão. O melhor modo de combater o gás radônio, é a ventilação.
Da emissão de partículas os principais responsáveis são os materiais de construção, porém também a radiação emana do fundo de cada lugar.
5) O CAMPO ELÉTRICO NATURAL
É aconselhável que nas construções não se tenham distorções no campo magnético e elétrico natural.
O magnetismo natural da terra é um importante fator de ordem nos intercâmbios biológicos dos seres vivos. Enquanto dormimos nossas células se polarizam pelo norte magnético. Ao distorcer-se este campo com materiais metálicos e eletromagnéticos artificiais como os que produzem a eletricidade como os transformadores dos eletrodomésticos, é um elemento de desordem e desarmonia para nossas células e, portanto para todos nós e os outros.
6) AS RADIAÇÕES CÓSMICAS E TERRESTRES
Convém que as construções sejam permeáveis a estas radiações que são um produto de troca de energia entre a terra e o cosmos e se manifestam na biosfera em forma de campo elétrico natural, que sustenta a vida. E ao isolarmos estas energias debilitam nossas defensas naturais.
Os distintos materiais de construção têm um maior ou menor permeabilidade a este tipo de radiações e alguns tipos de estruturas como as metálicas e de concreto armado às desviam, produzindo em seu interior um campo elétrico neutro – é o efeito jaula de Faraday.
A lista seguinte nos indica em que porcentagem os vários materiais são permeáveis a estas radiações:
- Madeira: 85 – 98%
- Madeira + Fibra de coco: 94%
- Ladrilhos cerâmicos: 83%
- Concreto: 45%
- Concreto + Polistyrol: 26%
- Concreto + PVC: 18%
- Alumínio: 17 %
7) TEMPERATURAS INTERIORES EQUILIBRADAS
A sensação de frio ou calor que percebemos em uma habitação depende do grau de medidas das temperaturas superficiais das paredes, parte superior interna da casa e solo, e não somente da temperatura a que se encontra no ar. Há uma troca térmica por radiação entre estas superfícies (sobre todas as paredes) e nosso corpo, que representa aproximadamente 50% a mais da nossa sensação térmica. Isto significa na prática que se em uma habitação termos uma temperatura média superficial de todos os parâmetros, por exemplo, 15ºC do ar teria que estar a 25ºC para que nosso corpo tivesse uma sensação de 20ºC.
- 15 + 25 x 50 / 100 = 15 + 25 : 2 = 20ºC
Isto é duplamente desfavorável: quanto mais se aquece o ar mais se empobrece este em relação ao oxigênio e íons negativos, se produzem correntes de ar, e transporte de poeiras, se ressecam excessivamente os ambientes (e as mucosas nasais) e além de ser antieconômico.
Resultam mais favorável para a saúde e ao bolso que as superfícies estejam mais aquecidos e o ar mais fresco. Isto se consegue com sistemas de calefação por radiação e superfícies das habitações em materiais pouco condutivos (coeficiente de condutibilidade 0,5).
8) IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE CONSTRUTIVA
A superfície construída de nosso mundo vai aumentando ano após ano em detrimento dos ecossistemas naturais, o solo vai se cobrindo de uma capa de cimento e asfalto que impede o livre fluxo de líquidos, gases e energias entre a terra e o ar, a terra debaixo não transpira e apodrece.
Os materiais de construção e as edificações têm alguns custos ambientais durante todos os seus ciclos: exploração das matérias primas, transporte e transformação industrial destas, empregados na obra, uso e manutenção de edifícios, resíduos (derrubadas). Estes custos ambientais se minimizam no caso de se usar materiais de procedência local e de baixo custo energético como, por exemplo: madeira, barro cozido, cortiça de árvore, etc., e se maximiza no caso dos materiais sintéticos, alguns metais e muitos produtos químicos.
Alguns indicadores dos problemas ecológicos que criam os materiais são: a quantidade de energia consumida para produzi-los e transportá-los, a emissão de substâncias tóxicas na atmosfera, e que se trate os materiais renováveis ou não, e que sejam reutilizáveis, etc.
Camilo Rodriguez Lledo – Técnico em Bioconstrução.
Revista do GEA / Espanha.