Estamos num novo milênio! Uma vez superados os nossos medos ancestrais e comprovemos com os nossos próprios olhos que as profecias apocalípticas dos adeptos de Nostradamus, não se haviam cumprido. Esperemos então que nenhum gato preto cruze a nossa frente! Estaremos preparados para presenciar e participar do anunciado desfile tecnológico que durante estas datas não cessam de aparecer desde suas vitrines multicoloridos em todos os meios de comunicação. Pelo tanto interesse em colocar os olhos nas maravilhas da tecnologia para o próximo século e fazer com que nestes dias não deixe de pensar que, também aí há gato engaiolado.

Contam, e não acabam que a odisséia no espaço de 2001 nos trará ilhas artificiais, jóias eternas, micro-sensores que nos controlarão a vida, máquinas que se comunicarão com os trabalhadores, habitações inteligentes, biomateriais e produtos artificiais sensíveis, condutores ultravelozes, condomínios no espaço e cidades digitais, chips celebrais, fármacos revolucionários e como não? Telecomunicação de cobertura interplanetária e energia não contaminantes. Este último ponto dá o que pensar que de novo vai dar gato por lebre, como quando nos “venderam” a energia elétrica como a mais limpa e a menos contaminante.

As grandes multinacionais – que se perguntem às companhias elétricas e telefônicas – andam estes dias buscando encontrar as três patas do gato e, para aumentar ano após ano suas astronômicas contas de benefícios, tem tecido silenciosamente, em apenas uma década, sua particular teia de aranha de linhas aéreas de alta tensão, que também querem fazer valer para instalar fios de fibra ótica. Há instalações feitas aos milhares, com a conveniência das administradoras públicas, prejudiciais subestações de transformação em zonas habitadas e tem adulado às comunidades de proprietários para multiplicar sobre nossos dormitórios o gato sobre o telhado de suas sinistras e nocivas antenas de telefonia móvel.

Desoyendo a vocês de quatro gatos – segundo eles, loucos – que, desde os escassos foros científicos imparciais, tem alertado sobre os evidentes riscos para a saúde que este tipo de avanços tecnológicos, insuficientemente testados, poderiam produzir à população em um futuro próximo.

As companhias elétricas e telefônicas, para levar o gato para a água não fazem cerimônia em aliar-se entre si e antepõem seus interesses econômicos ao da saúde de seus cada vez mais desinformados clientes. Cada vez que algum pesquisador alerta do risco, imediatamente contra atacam com um trabalho de investigação, em uma carta, em que “demonstram” os bondosos benefícios de seus produtos o que, em qualquer caso, ainda faltam muitos anos de pesquisa e investigação.

Parece mentira que a estas alturas do século os consumidores tenhamos assumido sem pestanejar o papel de cobaias humanas… uma triste espécie de ratos de laboratório. Porém… quem vai colocar o guizo no pescoço do gato? A maioria das grandes companhias mencionadas já controla os mais importantes meios de comunicação e sua força é cada dia maior.

Afortunadamente ainda há em silêncio grupos dos que não podem comprar como as associações de consumidores e comunidades de vizinhos afetados pela eletropoluição provocada por linhas de alta tensão e pela telefonia móvel. Estas organizações, cada dia com mais força em nosso país e em toda a Europa, se defendem atualmente como gato com a barriga para cima e neste começo de século dariam muito que falar. Não se trata de fugir como um gato escaldado de água quente dos avanços tecnológicos, sem ter que conviver com isto sem ter obtido o máximo benefício e o mínimo prejuízo. Que não nos enganemos mais. Temos todo o direito de sermos informados. Se utilizarmos uma tecnologia temos de conhecer em todo o momento suas vantagens e inconveniências, com uma devida informação.

Já está bem de experimentar com nossos filhos. O fato é que, por desgraça, eles não tem sete vidas como os gatos.

Paco Hernandez – Revista GEA / Espanha.

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